O CAPSI, Centro Acadêmico de Psicologia da UNESP
Bauru vem declarar seu apoio ao movimento de ocupações das escolas estaduais
paulistas, demais ocupações e manifestações comprometidas com a luta contra o
sucateamento da educação pública gratuita.
Em setembro deste ano o Secretário da Educação Estadual de São Paulo
(SEE-SP) Herman Voorwald informou um processo de reorganização da rede de
ensino publico do Estado de São Paulo proposto pelo governador Geraldo Alckmin
(PSDB). Este processo afetaria mais de 1.400 escolas e dentre elas cerca de 90
seriam fechadas. Neste mesmo mês professores, estudantes e entidades já se
pronunciaram contrários a esta proposta, que continuou a ser encaminhada sem
dar ouvido aos que seriam mais afetados.
A proposta de reorganização alega
melhorar a educação pela separação dos 3 ciclos escolares (que seriam
equivalentes ao fundamental I e II e ensino médio); a reorganização afetaria as
escolas com mais de um ciclo visando estruturar toda a rede em escolas de ciclo
único. Essa mudança alega trazer melhoras ao ensino e é justificada por uma
suposta ociosidade de vagas existente na rede de ensino, que é calculada pautando-se
em turmas mínimas de 40 alunos por sala (quantidade de estudantes que impede o
fornecimento de um ensino de qualidade), afirma-se que a separação dos ciclos
melhoraria a aprendizagem, argumento que não se sustenta em uma análise comprometida
com processo ensino-aprendizagem, bem como a redução de custos no ensino.
Essa mudança trará diversos
problemas como: (1) deslocamento dos estudantes que teriam menos opções
de escolas para estudarem em cada ciclo, sendo que muitas delas podem ser
demasiadamente distantes de suas residências (lembrando que temos um sistema de
transporte precário e cada vez mais caro); pela separação em escolas diferentes
entre irmãos, primos e vizinhos, que causa um problema no acompanhamento na
locomoção das crianças fazendo com que o cuidador tenha que ir a duas escolas
diferentes diariamente ou que as crianças mais velhas não possam acompanhar as
mais novas ao local das aulas por serem distantes. (2) O impacto na vida dos
trabalhadores já é sentido com decreto 61.466 que impediu a efetivação de
professores aprovados no último concurso e proibiu a renovação de contratos (implementado
após a divulgação d reorganização da rede), sem falar dos 40 mil funcionários
da biblioteca, secretaria, limpeza e professores que seriam demitidos com o
fechamento de escolas. (3) Dificuldade na organização pela defesa e
conquista de direitos. A fragmentação física do sistema de ensino na
distribuição dos estudantes por idade divide também os professores de cada
ciclo, criando barreira na articulação da categoria que tem um histórico
protagonista em importantes movimentos em defesa do ensino público e dos
direitos democráticos.
Uma
maneira que os estudantes encontraram de serem notados ao demonstrarem o
posicionamento de recusa dessa proposta de reestruturação e de defenderem
melhorias nas escolas e no sistema de ensino, foram ocupando suas escolas. As
ocupações começaram em São Paulo, recebidas com isolamento policial, retirada à
força de apoiadores do movimento, utilização de spray de pimenta, agressões e
assédio dos direitos civis. O governo já obteve a resposta da justiça de que o
movimento se trata de uma questão política e não judicial policial, quando o
Juiz Luiz Felipe derrubou a liminar do pedido de reintegração de posse de escolas
que iniciaram o movimento.
Em
Bauru três escolas aderiram ao método de luta: E. E. Stela Machado, E. E. Professor Ayrton Busch e
E. E. Prof. Luiz Castanho de Almeida. No estado são mais de 170 ocupações. Uma
tentativa de articulação está sendo feita com o Comando das Escolas Ocupadas
aberto a todas as ocupações que estão na luta. Há também o chamado para a
construção do Fórum Estadual Contra a Reorganização do Ensino, visando construir
manifestações e paralisações de frente ampla.
Solidarizamos com o movimento e apoiamos as ações dos estudantes que utilizam o espaço
escolar na construção da cidadania, reivindicando a participação na elaboração
do sistema de educação público gratuito de qualidade, lutando contra a instalação
do sucateamento que seria usado posteriormente como exemplo de fracasso
administrativo, justificando a implementação de Parcerias Público Privadas ou
privatizações completas, aviltando assim cada vez mais o acesso da população a
direitos e liberdades básicas de todos os seres humanos.
CONTRA A PRECARIZAÇÃO
#OCUPAESCOLA
NENHUMA
PUNIÇÃO A ESTUDANTES, PROFESSORES E APOIADORES QUE LUTAM POR UM ENSINO PUBLICO
GRATUIRO E DE QUALIDADE!
NÃO AO CORTE
DE GASTOS E ÀS DEMISSÕES!
POR 10% DO PIB
PARA A EDUCAÇÃO PÚBLICA E JÁ!
Bauru,
24 de novembro de 2015, CAPSI
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